quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Coluna Arquitetar é... para Jornal O Debate_ 17/08/12


CowParede
Olá, pessoal!
Como arquiteta e urbanista procuro sempre por novidades não só nas construções e decorações, mas, também, nas cidades. Acredito que uma cidade bem desenvolvida não é a que oferece só infraestrutura e bom funcionamento de órgãos públicos, escolas, hospitais e vias, mas também a que oferece para o cidadão um algo mais.
Em meu blog sempre tem alguma intervenção urbana mostrando que é possível modificar a rotina das pessoas com um bocado de arte e empenho de grupos de pessoas engajadas.
Do grafite às instalações luminosas, elas se espalham pela cidade divulgando ideias, movimentos de protesto ou, simplesmente, tentam melhorar o nosso entorno com alguma cor.
Hoje, gostaria de falar em especial sobre as parades, que originalmente são as paradas, desfiles e eventos onde a comunidade assiste à alguma organização festiva, mas que aqui vão assumir outro contexto.
Uma das mais famosas e divulgadas é a Cow Parede. Em português: Parada da Vaca, onde diversas vacas performáticas são espalhadas por centros urbanos. Segundo o site http://www.cowparade.com, o evento surgiu na Suíça e passou por 28 cidades desde então, inclusive em São Paulo, em 2005. O movimento tem grande importância, pois envolve a comunidade como um todo; empresas, público e artistas trabalham em conjunto para o sucesso dessa arte coletiva e democrática. Além disso, foram arrecadados mais de 11 milhões de dólares, que tem como destino a responsabilidade social. Isso significa em torno de 3000 vacas pintadas e, dentre elas, 160 acabaram se tornando miniaturas e, consequentemente, item de coleção.
Em 2010, 60 pianos foram espalhados por Nova Iorque no projeto Play me – I´m Yours (Toque me – Sou seu), eles ficavam à disposição do público e não importava se você era a própria encarnação do Beethoven ou, se assim como eu, só toca “Cai-cai balão”: era simplesmente sentar e tocar.
Recentemente, outro evento desse modelo foi realizado em São Paulo: a Call Parede. Idealizado pela Vivo|Telefônica, ela visava promover a conectividade entre as manifestações artísticas e 100 orelhões foram impressos a partir das obras de artistas paulistas. Um objeto tão comum aos nossos olhos e atualmente tão esquecido e até alvo de vandalismo se tornou uma obra de arte nas ruas da cidade.
E, a partir de 13 de agosto, em São José dos Campos, estará exposta a Shoes Parede, com diversos sapatos gigantes. Uma rede de sapatos do Vale do Paraíba está comemorando 30 anos de vida e para celebrar vai espalhar as obras pelas ruas da cidade. Eles serão em fibra de vidro com 2,0m de largura por 2,0m de altura e executados por artistas locais. O público poderá interagir com as obras, tocando e tirando fotos.
Acredito que essas intervenções, mais do que “enfeites”, representam a expressão da comunidade artística interagindo com os cidadãos, que na rotina da vida acabam passando pelas ruas de cabeça baixa. Muitas vezes, as cidades deterioradas pela correria, pela poluição sonora e visual merecem um pontinho de luz e arte que contraste em meio a tanta desordem e descaso.
Arquitetar é, acima de tudo, ver, e não só olhar a cidade. Arte e interação são sempre benvindas em nossas cidades e o papel do arquiteto e urbanista, nesse contexto, é exatamente promover e divulgar eventos assim, que enchem os olhos e os corações das pessoas de esperança de um mundo mais colorido.


via.

CallParede

ShoesParede


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